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segunda-feira, 25 de junho de 2018

E AGORA, JOSÉ?


   Já parou para pensar o quanto deve ser difícil o primeiro voo de um pássaro? Essa coisa toda de bater asas o suficiente para não cair... a insegurança, o medo. Isso é algo que tem que se aprender sozinho, ninguém poderá fazer por ele, nem seus pais, nem os outros pássaros. Aqui não existe o plural, isso é e será singular.  Ela sempre pensou nisso, e apesar das dificuldades iniciais e naturais do mundo animal, ser pássaro sempre foi uma opção, se isso fosse possível.

   Ela já se sentiu como ele quando voou pela primeira vez. Agora a realidade é outra. Em seis meses se formará na faculdade. E agora, José? O tempo passou rápido para ela.  Há quatro anos o pequeno passarinho saiu do ninho, meio desajeitado, cheio de inseguranças e voou rumo ao desconhecido. Encontrou desafios, superou medos, venceu obstáculos, conheceu tantas coisas - inclusive ela mesma - ampliou sua bagagem, carregou pessoas, deixou outras, aprendeu a voar.
   Hoje a insegurança não é mais o bater de assas, é pra onde voar. São tantas possibilidades, tantas incertezas que às vezes isso domina sua mente e o medo toma conta. A instabilidade financeira, a batalha entre sonho e realidade. O receio de um futuro na profissão que escolheu. Durante a faculdade ela percebeu que meio acadêmico é uma utopia. A realidade fora é muito diferente, especialmente na sua profissão. Isso a fez questionar suas chances no mercado.
   Embora todas essas coisas rondem sua cabeça, ela repete pra si mesma que tudo se ajeitará, e que ela está no caminho certo. Repete várias vezes durante a semana, nos momentos de fraqueza e cansaço. Ela acredita que toda energia emanada pro universo volta, e manter-se positivo, mesmo na adversidade, é uma tarefa difícil, mas preciosa.
    Mesmo que o primeiro voo seja uma tarefa individual – como muitas coisas na vida -, a jornada não precisa ser solitária. Pássaros voam sozinhos, aos bandos, em par, trio, mas sempre voam. E sempre voarão, mesmo que o mundo machuque suas assas.

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