Já parou para pensar o quanto deve ser
difícil o primeiro voo de um pássaro? Essa coisa toda de bater asas o
suficiente para não cair... a insegurança, o medo. Isso é algo que tem que se
aprender sozinho, ninguém poderá fazer por ele, nem seus pais, nem os outros
pássaros. Aqui não existe o plural, isso é e será singular. Ela sempre pensou nisso, e apesar das
dificuldades iniciais e naturais do mundo animal, ser pássaro sempre foi uma
opção, se isso fosse possível.
Ela já se sentiu como ele quando voou
pela primeira vez. Agora a realidade é outra. Em seis meses se formará na faculdade.
E agora, José? O tempo passou rápido para ela.
Há quatro anos o pequeno passarinho saiu do ninho, meio desajeitado,
cheio de inseguranças e voou rumo ao desconhecido. Encontrou desafios, superou
medos, venceu obstáculos, conheceu tantas coisas - inclusive ela mesma - ampliou
sua bagagem, carregou pessoas, deixou outras, aprendeu a voar.
Hoje a insegurança não é mais o bater
de assas, é pra onde voar. São tantas possibilidades, tantas incertezas que às
vezes isso domina sua mente e o medo toma conta. A instabilidade financeira, a
batalha entre sonho e realidade. O receio de um futuro na profissão que
escolheu. Durante a faculdade ela percebeu que meio acadêmico é uma utopia. A
realidade fora é muito diferente, especialmente na sua profissão. Isso a fez
questionar suas chances no mercado.
Embora todas essas coisas rondem sua
cabeça, ela repete pra si mesma que tudo se ajeitará, e que ela está no caminho
certo. Repete várias vezes durante a semana, nos momentos de fraqueza e
cansaço. Ela acredita que toda energia emanada pro universo volta, e manter-se
positivo, mesmo na adversidade, é uma tarefa difícil, mas preciosa.
Mesmo que o primeiro voo seja uma tarefa individual
– como muitas coisas na vida -, a jornada não precisa ser solitária. Pássaros
voam sozinhos, aos bandos, em par, trio, mas sempre voam. E sempre voarão,
mesmo que o mundo machuque suas assas.
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